Dra. Gabriela Gouvea

CRM: 183112 | RQE: 79179 e 93164

Prédio Christian Cabrol.

Além de conhecer muitos profissionais competentes, o estágio foi muito prolífico em discussões e cirurgias de casos complexos. Muitos pacientes com múltiplas cirurgias prévias, comorbidades graves e cirurgicamente desafiadores.

Discutimos muitos pontos ainda em aberto na literatura vigente sobre hérnias, como: indicações de repouso e/ou atividades físicas no pré e pós-operatório; abordagens mais ou menos agressivas a depender do quanto poderemos aumentar a qualidade de vida dos pacientes; manejo de hérnias assintomáticas; protocolo de injeção de toxina botulínica e gás na cavidade abdominal para correção de grandes defeitos; meta de peso e controle glicêmico no pré-operatório; e assim por diante.

Muitos colegas questionaram em que o serviço de lá é diferente dos nossos casos aqui em São José do Rio Preto. Garanto que os casos não são nem um pouco menos desafiadores. A disponibilidade de material, próteses e a parceria com a indústria farmacêutica estão em outro patamar, claro. Porém, o que mais me chamou a atenção foi a inquietação dos profissionais com os mesmos problemas que enfrentamos aqui: mitigar as complicações pós-operatórias, oferecer realmente um aumento de qualidade de vida significativo para o paciente e manter isso a longo prazo.

A grande vantagem que o Brasil como um todo possui é que as tecnologias demoram um pouco mais a chegar e só realmente se difundem quando são comprovadamente superiores. Isso tem seu lado negativo, mas também um lado muito positivo, já que as técnicas e materiais que costumam gerar empolgação no meio médico quando chegam e depois se provam problemáticas, não chegam a nos incomodar, não acarretando complicações e problemas cirúrgicos que são comuns por lá. Dois exemplos: plug inguinal e telas intraperitoneais. Pouquíssimo disponíveis nos hospitais brasileiros, foram largamente utilizadas na Europa. A primeira, usada em hernioplastias inguinais, costuma migrar e pode gerar recorrência da hérnia, além de dor. A segunda, é uma tela usada dentro da cavidade abdominal com a promessa de não aderir às vísceras abdominais, e claro, existem casos onde ela está bem indicada. No entanto, foi largamente utilizada e por isso, hoje há muitos casos de aderências e até mesmo fístulas com alças intestinais.

Cirurgia robótica para correção de hérnia inguinal recidivada, com plug migrado (visualizado no canto superior direito da imagem).

Durante a primeira semana de outubro, estivemos no “Romenian Hernia Days”. Este é um congresso voltado apenas à patologias de parede abdominal, já tradicional, que acontece na Romênia e conta com os melhores especialistas do mundo. Abaixo, algumas fotos registrando os momentos de confraternização, e acima de tudo, admiração por esses profissionais renomados.

Dr. Filip Muysoms e Dr. Yohann Renard.

Foi um mês muito intenso, de muito aprendizado, e não posso deixar de agradecer o Dr. Yohann por me receber e à Sociedade Europeia de Hérnia (European Hernia Society- EHS) pelo apoio. Deixo meu até breve à França, para onde retornarei em junho para o Congresso Europeu de Hérnia, em Paris..